domingo, 23 de junho de 2013

Nova Copacabana - David Nasser e Herivelto Martins

Mas é bonita essa Copacabana, é bonita, bonita demais

Quem a viu a alguns anos atrás, não a conhece mais

Copacabana, das lindas morenas, das boates e arranha-céus

No inverno acalenta os casais, no verão é bonita demais

Quem enxuga o teu corpo moreno

Capital proibida no amor

É o sol e os beijos na areia

São toalhas de luz e calor

Se eu tivesse mil anos de vida, ou 999

Viveria em Copacabana, que é bonita até quando chove

Silêncio da Seresta - Adelino Moreira

Vai longe o tempo

Em que se a noite era de prata

Violões em serenata

Enchiam o céu de amor

E a morena

Da janela ou do balcão

Se gostava da canção

Sorria ao trovador

Hoje a morena

Vive em Copacabana

E todo bairro engalana

Lá de um décimo andar

Vai quando é noite

À boate ou ao cinema

E nem se lembra, que pena

Da existência do luar

Antigamente, à luz fosca

De um lampião

Uma trova, uma canção

Era o quanto bastava

Pois a morena

Relembrando o amor primeiro

Abraçava o travesseiro

E docemente sonhava

Mas hoje o som

De um plangente violão

Não transpassa o edredom

Que o seu corpo acaricia

E que fazer

Não pode haver retrocesso

Ante a força do progresso

Meu violão silencia

Garota de Copacabana - Zé da Zilda

Eu tenho uma pequena, linda

Que mora em Copacabana

E gosta de andar bacana

E toda semana

Ela vem, com vestido alinhado

De godê todo plissado

Quando ela passa

Todo mundo fica admirado

Eu fico até encabulado

Porque ela é tão boa

Que parece a patroa

E eu empregado

Eu vou meter o meu babado

O meu amigo

Veio correndo pra me avisar

O Morangueira venha cá

Aquela pequena

Que você está namorando

É preciso ter cuidado

Vá por mim não leve a mal

Por que ela é das tais

Que namora mas não quer casar

Ela só quer é se arrumar

Tudo que ela tem

Não lhe custou um vintém

O namorado é quem dá

E se não der ela lhe manda desviar

Eu disse a ele

Ela comigo não vai se arrumar

Ela só vai se atrapalhar

Está iludida por me ver na avenida

Todo alinhado

Parecendo um deputado

Está pensando

Que eu sou bacana

Ando sempre alinhado

Ela vai dar um golpe errado

Porque ela não sabe

Que esse terno é de um amigo

Que eu pedi emprestado

Porque o meu está pendurado

Lá no Largo do Machado

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Meu Pequeno Cachoeiro - Raul Sampaio

Eu passo a vida recordando

De tudo quanto aí deixei

Cachoeiro, Cachoeiro

Vim ao Rio de Janeiro

Pra voltar e não voltei

Mas te confesso na saudade

As dores que arranjei pra mim

Pois todo o pranto destas mágoas

Ainda irei juntar as águas

Do teu Itapemirim

Meu pequeno Cachoeiro

Vivo só pensando em ti

Ai que saudade dessas terras

Entre as serras

Doce terra onde eu nasci

Meu pequeno Cachoeiro

Vivo só pensando em ti

Ai que saudade dessas terras

Entre as serras

Doce terra onde eu nasci

Recordo a casa onde eu morava

O muro alto, o laranjal

Meu flamboyant na primavera

Que bonito que ele era

Dando sombra no quintal

A minha escola, a minha rua

Os meus primeiros madrigais

Ai, como o pensamento voa

Ao lembrar a terra boa

Coisas que não voltam mais

Meu pequeno Cachoeiro

Vivo só pensando em ti

Ai que saudade dessas terras

Entre as serras

Doce terra onde eu nasci

Sabe meu Cachoeiro

Eu trouxe muita coisa de você

E todas essas coisas

Me fizeram saber crescer

E hoje eu me lembro de você

Me lembro e me sinto criança outra vez

Meu pequeno Cachoeiro

Vivo só pensando em ti

Ai que saudade dessas terras

Entre as serras

Doce terra onde eu nasci

domingo, 2 de junho de 2013

Depois de Madureira - Mauro Diniz

Fica depois de Madureira,

antes de Bento Ribeiro

Onde se canta samba o ano inteiro

Lá o samba verdadeiro de raiz,

faz a mocidade mais feliz

Tenho orgulho de ser aprendiz,

da minha querida Velha Guarda da Portela

Sentinela, hoje eu canto em seu louvor

Casquinho, Alberto Nonato,

esses nego bom de fato,

Argemiro, Casimiro e Monarco

Bairro que não existe demanda,

perto de Rocha Miranda,

envolvente como é meu Irajá

Me lembro, até me causa arrepio,

do tempo da beira do rio,

um pagode que tinha por lá,

onde a gente cantava Cartola, Candeia,

Velho Aniceto

Com os seus versos de primeira,

Mestre Silas de Oliveira

Paulo da Portela foi quem deu a luz,

ao samba que ilumina Oswaldo Cruz

Fica depois de Madureira

Feira de Acari - Jorge Carioca

Tenho muito orgulho

Isso não é bagulho eu posso exibir

É produto importado

Comprado na feira lá do Acari

Vejam só o barato da feira

Bastante maneira pra quem quer comprar

Tem anel, gargantilha, pulseira

Tem som, geladeira, tem brinco e colar

De montão disco velho de tango

Pra quem tá de rango, sopa de siri

Boa compra, quente e verdadeira

Somente na feira lá do Acari

Tenho muito orgulho

Tem coleiro, tem canário belga

Da roça com acelga pra gente beiçar

Tem sacode e também tem pagode

Pra turma que pode e sabe versar

Bicicleta, relógio a pilha

Tudo é maravilha, vai lá conferir

Só artigo dito de primeira

Que existe na feira lá do Acari

Tenho muito orgulho

Pra ciscar milho verde na banha

Também tem pamonha e não pode

faltar

Tem groselha com um tal raspa raspa

Remédio pra caspa, cuscuz e manjar

Tem robalo, atum pra quem gosta

Partido em posta, até lambari

Só não dança e não marca bobeira

Quem compra na feira lá do Acari

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Daqui pro Méier - Ed Motta & Chico Amaral

Ainda tenho que andar bem

Do Leblon ao Catete

Daqui pro Méier

Ninguém

Imagina a cidade

que se vê do meu táxi

Há que se estar aqui

Porque a gente conhece

o retrato da espécie

quantas semanas também

Se eu contasse as memórias

Tinha belas estórias,

Ouço dizer

Sinal um casal do sul

ao museu

Final do canal errei

Me lembrei

Te vi no jornal

Gostei do jogo

E agora quem vai admitir

Sei que os bancos não vão

Absurdos

Curdos,

Ainda tenho que andar bem

Do Leblon ao Catete

Daqui pro Méier

Ninguém

Imagina a cidade

Que se vê do meu táxi

Há que se estar aqui

Hoje eu quero jantar bem

e o rádio me chama

Daqui pro Méier

Não dá

Tem o bar do uruguaio

Feijão preto com paio

Mais tarde eu saio, amor

Túnel um casal do sul

Ao museu

Final do canal dobrei

E errei

Te vi no jornal

Gostei da música

E agora quem eles vão

Demitir

Sei que é difícil explicar

Absortos

Tortos