terça-feira, 12 de março de 2013

Paralelas - Belchior

Dentro do carro, sobre o trevo a cem por hora, oh! Meu amor

Só tens agora os carinhos do motor

E no escritório em que eu trabalho e fico rico

Quanto mais eu multiplico diminui o meu amor

Em cada luz de mercúrio vejo a luz do seu olhar

Passas praças, viadutos, nem te lembras de voltar

De voltar, de voltar

No Corcovado quem abre os braços sou eu

Copacabana esta semana o mar sou eu

Como é perversa a juventude do meu coração

Que só entende o que é cruel e o que é paixão

E as paralelas dos pneus n'água das ruas

São duas estradas nuas em que foges do que é teu

No apartamento, oitavo andar, abro a vidraça e grito

Grito quando o carro passa: teu infinito sou eu, sou eu, sou eu, sou eu

No Corcovado quem abre os braços sou eu

Copacabana esta semana o mar sou eu

Como é perversa a juventude do meu coração

Que só entende o que é cruel e o que é paixão

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